Carros elétricos montados no Brasil por kits pagarão imposto cheio já em 2027

Pedido da BYD foi negado e alíquota de 35% valerá já em 2027; montadoras tradicionais venceram disputa por proteção do mercado

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Carros elétricos montados no Brasil por kits pagarão imposto cheio já em 2027

Foto de Divulgação / Crédito: Luis Andreoli

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O governo federal decidiu antecipar a cobrança integral de impostos sobre carros híbridos e elétricos montados no Brasil em kits importados, os chamados SKD (semidesmontados) e CKD (totalmente desmontados). A mudança entra em vigor em janeiro de 2027, um ano e meio antes do previsto.
 
A medida é resultado de uma disputa direta entre a montadora chinesa BYD e um bloco formado por grandes fabricantes já instalados no Brasil, como Volkswagen, General Motors, Toyota e Stellantis (Fiat, Jeep, Peugeot, entre outras).
 
O pleito da BYD, que pedia redução da alíquota atual, foi rejeitado pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) durante reunião extraordinária do governo nesta quarta-feira (30). A justificativa das montadoras concorrentes? Evitar que veículos montados quase inteiramente no exterior entrem no país com impostos reduzidos, gerando menos empregos e investimentos locais.
 
Entenda a disputa
A BYD queria que os carros montados em SKD (com peças pré-montadas) e CKD (com peças totalmente desmontadas) tivessem menos impostos. O governo, no entanto, entendeu que isso enfraqueceria a indústria instalada no Brasil.
 
As montadoras tradicionais defenderam que, mesmo montando os carros aqui, não há compromisso real de nacionalização de peças, motores, aço e outros componentes. Assim, o modelo CKD/SKD geraria menos empregos e menos impacto econômico no país.
 
“Trata-se de um retrocesso que fragiliza a indústria nacional e compromete o desenvolvimento regional”, disse a Anfavea, entidade que representa as montadoras.
 
Como fica agora?
  • Alíquota cheia (35%) sobre SKD e CKD: começa em janeiro de 2027 (antes seria só em julho de 2028);
  • Período de transição: haverá isenção de impostos sobre kits por seis meses, até o início de 2026, dentro de uma cota de US$ 463 milhões (cerca de R$ 2,6 bilhões);
  • Após esse período, os impostos serão gradualmente aplicados até atingir os 35%.
 
A resposta da BYD
A BYD reagiu dizendo que está sendo atacada por concorrentes que não conseguem oferecer a mesma tecnologia por preços acessíveis. A montadora ainda afirmou que seu pedido era temporário e que, mesmo com os impostos mais altos, seus carros continuam mais baratos que os da concorrência.
 
“Trouxemos carros tecnológicos, sustentáveis e mais acessíveis, e somos atacados por concorrentes obsoletos”, declarou a montadora em nota.
 
O que muda na prática?
A decisão do governo protege a indústria nacional e pressiona as marcas estrangeiras a instalarem fábricas com produção mais completa no país. O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que isso estimula a abertura de novas unidades, como a da GWM em Iracemápolis (SP) e da própria BYD em Camaçari (BA).
 
Enquanto isso, a disputa entre montadoras chinesas e tradicionais promete acirrar o mercado, que vive o maior momento de transformação desde a chegada dos carros populares nos anos 90.

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