Mistura com 30% de etanol e maior octanagem começa a valer em 1º de agosto; motoristas devem perceber diferença no consumo e rendimento
Entrou em vigor nesta sexta-feira (1º) a nova composição da gasolina comum produzida no Brasil, com aumento no teor de etanol anidro de 27,5% para 30%. A medida, aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), tem como objetivo gerar benefícios econômicos, ambientais e técnicos, conforme estudos liderados por entidades do setor automotivo.
A chamada gasolina E30 foi desenvolvida ao longo dos últimos meses com apoio da ANP, Ministério de Minas e Energia (MME), Instituto Mauá de Tecnologia, Anfavea (montadoras) e Abraciclo (fabricantes de motos). A principal mudança técnica é o aumento da octanagem da gasolina C, que passa de 93 para 94 RON, exigindo também a revisão da Resolução ANP nº 807/2020.
Consumo pode aumentar, mas octanagem compensa
Embora a presença maior de etanol reduza o poder calorífico do combustível, ou seja, a energia gerada por litro,, especialistas afirmam que o aumento da octanagem pode equilibrar o consumo e até melhorar o desempenho dos veículos flex.
“O etanol tem cerca de 70% do poder energético da gasolina. Portanto, o consumo pode subir. Por outro lado, a maior octanagem permite que o motor trabalhe com mais eficiência, especialmente nos flex modernos”, explica Rogério Gonçalves, diretor de combustíveis da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva).
Segundo Clayton Barcelos Zabeu, professor do Instituto Mauá, a nova composição permite ajustes eletrônicos mais precisos no sistema de gerenciamento do motor, o que pode melhorar a combustão e até gerar aumento de até 2% na potência em determinados veículos.
Nova mistura ainda deve demorar para chegar aos postos
Apesar da mudança já estar valendo para a produção nacional, os estoques de gasolina E27,5 fabricados até julho ainda estão em distribuição. A expectativa é que o novo combustível chegue às bombas nas próximas semanas, gradualmente.
Além do possível impacto positivo para o consumidor, o governo também aposta na medida como um incentivo à cadeia do etanol, que representa uma alternativa mais limpa e sustentável frente à gasolina pura.